Algumas citações interessantes do Josh Klinghoffer sobre sua entrada nos Red Hot Chili Peppers e o peso de substituir seu amigo John Frusciante, em entrevista a revista GEARPHORIA de 2012.
Matéria retirada do site Universo Frusciante.
Não é incomum um aspirante a guitarrista aprender a tocar através dos hits do momento. O que é incomum é este jovem ver a si mesmo tocando essas mesmas músicas décadas mais tarde, na frente de dezenas de milhares de pessoas a cada noite, como um integrante da banda que ele idolatrava quando era adolescente.
É nesta situação que Josh Klinghoffer se encontra como o mais recente guitarrista dos Red Hot Chili Peppers. Poderia ser um conto de fadas do rock-and-roll… se não fosse verdade. Depois de desenvolver uma forte amizade com John Frusciante na época em que o álbum Californication foi lançado, Klinghoffer aprimorou suas habilidades na guitarra e começou a tocar em turnês com artistas como Beck e PJ Harvey. Eventualmente, os Chili Peppers pediram a Klinghoffer para ir a uma turnê com eles. Não muito tempo depois, Frusciante e a banda seguiram caminhos diferentes e Klinghoffer se juntou aos Chili Peppers como integrante fixo. Ele contribuiu de forma significativa para lançamento de 2011 da banda, I’m With You, e aos 32 anos tornou-se o mais jovem no Rock and Roll Hall of Fame, quando a banda foi homenageada no início deste ano.
Modesto e pensativo, Klinghoffer parece mais animado em tocar com alguns dos maiores músicos de sua geração do que sobre o seu estrelato repentino. Mas ele está aguardando ansiosamente a próxima pausa da banda para se concentrar no Dot Hacker, um projeto mais experimental que ele lidera, com vasto conhecimento sobre instrumentos e vocais de tenor que ecoam Robert Plant. GEARPHORIA conversou com Klinghoffer na casa dele em Los Angeles, onde estava se recuperando de um pé quebrado cercado por guitarras clássicas, sintetizadores, teclados e uma montanha de pedais.
Citações do Josh sobre o John:
GEARPHORIA: Quando você foi chamado para fazer parte dos Chili Peppers, parecia que tinha um pouco de receio no início. Obviamente que é um show de alto nível, mas quais foram os seus primeiros pensamentos?
JOSH: Bem, obviamente seria uma oportunidade incrível apenas fazer parte da banda. Mas, na época eu tinha começado a tentar trabalhar numa banda com o Jonathan (Hischke), no Dot Hacker. E eu tive que me perguntar todas as coisas possíveis sobre entrar (na banda). Digo, eu quero que minha vida mude dessa forma? Eu queria entrar em uma situação daquele nível? Será que eu quero entrar em uma situação onde eu vou ser comparado, ou simplesmente mencionado, comparado com John (Frusciante) onde quer que eu fosse? Esse tipo de coisa. Será que eu quero que os relacionamentos pessoais que eu tinha possivelmente mudassem?
Há um segundo atrás, eu disse que parecia uma progressão natural estar naquele tipo de turnê, mas definitivamente pareceu um grande salto. Tudo de repente, muitas mudanças, me perguntando o que eu ia fazer com a minha própria música ou onde eu ia viver, uma situação envolvendo muito dinheiro, uma agenda muito ocupada e muito exigente. E é ótimo, no final do dia, apenas a oportunidade de tocar música e explorar relações musicais com essas pessoas que eu admirava por tanto tempo. E, no final, com certeza, os prós superam os contras. Mas sim, eu tive que pensar muito sobre isso.
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Todo mundo sabe que você tem uma amizade profissional e pessoal muito forte com John Frusciante. Que tipo de influência ele teve em você como guitarrista e como músico?
Em relação à guitarra, quando eu ouvi Blood Sugar… Eu não era guitarrista. Eu tocava bateria. Eu não sabia nada sobre guitarra. Eu acho que eu comecei a tocar guitarra no tempo em que ele fez seu primeiro álbum solo, Niandra Lades and Usually Just a T-shirt. Isto é composto apenas por gravações feitas em casa em four-track. Feitas apenas como gravações muito pessoais que ele não pretendia lançar nunca, eu acho. Mas esse álbum, e o tipo de honestidade que envolve as gravações foi muito influente e orientador para mim...
Como funciona o trabalho de compor as músicas nos Chili Peppers? Como é que se difere do que acontece, digamos, no Dot Hacker?
Obviamente, eles tinham uma relação de trabalho continua de oito a dez anos com três desses caras, musicalmente, para não mencionar Anthony. Mas me juntar à banda, não importa o quanto isso foi um novo começo ou coisa assim, havia parâmetros e familiaridades com esses caras. Tipo, Flea começa a tocar um groove no baixo e John entrava nisso do jeito que ele faz, e todos nós temos ouvido a maneira como ele entra na música. E para eu superar isso… Ainda há momentos em que eu não me sinto totalmente à vontade. É como, “OK, como devo fazer isso? Devo fazer o que eu sinto? Isso soará muito parecido com o John? Devo fazer algo completamente diferente?” Nós ainda estamos passando por essas coisas. Nós tivemos que passar muito tempo com jams. Para este álbum, nos reunimos todos os dias da semana tocando e improvisando, uma vez que a banda voltava de uma pausa de dois anos, Flea tinha acumulado um monte de músicas que ele havia escrito. E já que eu nunca realmente tive a minha própria banda, eu tinha toneladas de canções. Então, eu apenas peguei novamente meu catálogo de músicas e procurei por aquelas que soariam bem na voz do Anthony e então escrevi uma tonelada de novas musicas enquanto estávamos tocando. É realmente fácil para mim escolher as canções se eu não sou aquele que tem que cantar (risos).
Então, Flea chegava com músicas e estruturas de acordes e eu chegava com músicas. Mas Anthony está sempre lá. E nós conseguimos muitas músicas porque nós tivemos que fazê-lo por muito tempo. Nós gravamos 50 músicas para o álbum e tivemos muitas outras quase prontas, mas nós meio que reduzimos a linha dos 50 e lançamos 14, o que eu ainda achava que era muito. Mas havia um monte de músicas que nós todos não queriamos que evaporassem e por isso decidimos coloca-las em um single de 7 polegadas, basicamente, uma por mês. Nós já lançamos quatro deles, e há um total de nove, então mais 17 ou 18 canções. Não existem mais b-sides por isso pensei que seria uma coisa legal para colocar algumas no vinil.
É ótimo saber que depois de todos esses anos a banda ainda é tão produtiva.
Sim, o álbum I’m With You parece muito com o Mother’s Milk para mim. Tipo, um álbum com o qual John não se sentiu totalmente confortável, e isso é meio que a mesma coisa para mim. Eu gosto das músicas, mas eu não era um grande fã de trabalhar com Rick Rubin, e a coisa toda era meio que algo novo para mim. Eu estou realmente ansioso para escrever novas músicas e lançar outro álbum assim que pudermos. Eu gosto de ver como os relacionamentos evoluem musicalmente.
E não havia nenhuma maneira de eu recusar estar com os Chili Peppers. Quero dizer, se eu tiver uma oportunidade de formar relações musicais, deixando de lado relações pessoais, com pessoas como Flea e Chad (Smith), que tem um ótimo relacionamento, e Anthony, alguém que eu acho que é completamente original e simplesmente fantástico no que faz. E se eu tivesse a oportunidade de realmente promover essas relações, não há nenhuma maneira que eu poderia dizer não a isso. E no Dot Hacker, essas relações têm crescido muito, e eu acho que você vai ouvir isso nas próximas músicas que serão lançadas.
Quando conversei com John sobre a adesão aos Chili Peppers, a única coisa que ele me disse é que “É uma sensação incrível ir de manhã para ensaios e improvisar algumas músicas com aqueles caras.” E é totalmente verdade. Chegar com alguma coisa e ter a oportunidade, nem todo mundo tem isso. Chegar com alguma coisa que eu acho que vai soar ótimo com o Flea, tocar e, dentro de uma hora, ter uma música que as pessoas vão se interessar em ouvir. Isso é uma coisa rara.
Tradução: Yohanna e Alessandra (joshklinghoffer.org)
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