terça-feira, 26 de julho de 2011

Entrevista do Red Hot Chili Peppers para a revista Q Magazine

Segue abaixo alguns trechos da nova entrevista da banda para a revista Q Magazine - Setembro de 2011:

Na matéria eles falam sobre o ex-guitarrista John Frusciante e de sua saída da banda e como foi trabalhar com o também ex-guitarrista, Dave Navarro. O quanto foi diferente o trabalho com Josh Klinghoffer. Sobre o seu polêmico livro, Scar Tissue, Anthony Kiedis diz: "Poderia ter revelado muito mais". Chad Smith brinca sobre a sua semelhança com Will Ferrell.


"Tenho certeza que vou ter que urinar antes de terminar", diz o baixista Flea à revista na entrevista (e 36 minutos depois, ele foi ao banheiro).
Como o esperado de alguém que passou horas com seu terapeuta, ele enfrenta a tensão na sala.
"Tem uma coisa que eu queria dizer", ele diz, com cada palavra saindo como se fosse uma metralhadora. "Sou muito grato ao John Frusciante. Ele fez muita coisa pela nossa banda. Como um amigo, como um companheiro de banda, ele é insubstituível."
Q Magazine: Por que ele saiu de novo?

Flea: Você tem que perguntar à ele, provavelmente um bilhão de diferentes motivos. John é um homem muito inteligente e está fazendo o que ele quer. O que mais você pode querer de alguém?

Q: Você imaginou que isso aconteceria?

Flea: Estou aberto a qualquer coisa que aconteça a qualquer momento.
Anthony: Isso não me surpreendeu em absoluto. Quando a turnê acabou, eu sabia que uma mudança estava por vir – e com o passar dos meses e coisas que ouvia do John, eu já sabia que era questão de tempo. Mas nunca senti que havia acabado para a banda, só que John estava se 'aposentando' graciosamente, o que realmente aconteceu. Foi para o bem de todos e uma benção.

Q: Falando sobre as primeiras impressões do álbum, parece que ele trouxe algo ótimo para a banda…

Anthony: É como começar de novo sem ter que fazer 25 anos de trabalho.
Flea: A parte mais complicada de tocar com Josh, pra mim também foi a melhor, que é o fato de ele ser completamente diferente do John. Tinha coisas que eu esperava que John fizesse: ele é um músico fenomenal, que eu estava acostumado a tocar algo e -bam!, John iria acompanhar. Ele, Chad e eu fechávamos, e era indiscutivelmente bom. Josh é bem diferente. Ele ficava flutuando, viajando com essa textura etérea, e eu pensava: Whoa! Quando ele vai fazer aquilo que sabemos? E ele não fazia. Eu tinha que dizer pra mim mesmo: 'cara, relaxe.'

Q: Como foi isso pra você, Josh? Se juntar à uma banda com uma história tão grande e ter que preencher os sapatos (lugar) de uma pessoa tão imponente?
Josh: Eu não poderia começar a achar que substituiria Frusciante. Então só poderia resolver e fazer algo novo com esses caras.

Q: Se a história dos Chili Peppers virasse um filme, qual seria o ponto dramático?

Anthony: Ohh Deus, qual é! Tanto drama. Mas obviamente a morte do Hillel, a maior perda e momento marcante de nossas jovens vidas naquela época. Ter 26 anos e perder o ventrículo esquerdo do coração foi provavelmente a coisa mais dramática que já aconteceu na minha vida. Mas amo nossa história, por melhor ou pior que fosse, pela dor, pelos ganhos. Todos fomos putos de vez em quando, e todos cresceram durante esse tempo também.
Flea: Todas as coisas que deram errado, foram dificieis. Mas por causa dessa dificuldade, foi uma grande oportunidade para o renascimento, todas as vezes. Eu aprendi a ser grato pelos desafios, porque eu sei que não importa o quão difícil seja, algo bom sempre vem depois. Essas duas coisas não podem existir uma sem a outra.
Chad: O que eu sei, é que não quero que o Will Ferrell me interprete nesse filme.

Q: Algum arrependimento?

Anthony: Não enquanto estou sentado aqui.
Flea: Mudar todas as merdas que fiz? Não. Você chega nesse mundo e tem que cometer erros para crescer. Eu já fiz tantas coisas. Eu fui um rude, desagradável, egoísta, moralista e idiota muitas vezes. E sou grato por isso.

Q: Como foi na universidade, Flea?

Flea: Eu amei, e honestamente, adoraria voltar. Eu mal passei pelo ensino médio. Eu nunca fui uma pessoa educada fora do meu próprio processo de crescimento. A principal coisa que fiz, foi analisar Bach. O que ele fez foi o auge da realização humana. Tendo, 5 diferentes e complexas melodias ao mesmo tempo, cada uma sendo a coisa mais maravilhosa que você ouviu, e todas trabalhando juntas. 

A geniosidade confunde a mente. Eu gostava de estar em um lugar onde eu não tinha que me sentir culpado por escolher o cérebro de alguém.

Q: O Silverlake Conservatory já tem 10 anos…

Flea: É uma grande parte da minha vida. É difícil manter financeiramente, mas é uma coisa maravilhosa. Eu fui uma criança difícil. Eu ficava na rua, invadia as casas das pessoas, usava drogas – todas essas coisas. Mas a única coisa que me mantia intacto, era ir na escola e tocar na banda de jazz, na banda marcial. A música me deu senso de disciplina. Senão, quem sabe o que teria acontecido comigo.

Q: Vocês estão perto dos 50 anos já..

Flea: Estou, mas também mais consciente do que nunca sobre cada momento que passa. Eu realmente sinto alegria e uma profunda satisfação em estar no momento.
Anthony: Eu gosto da idéia de desafiar a norma de como é estar nos seus 40, 50, ou 60. Descobrir o surfe nessa etapa da minha vida, definitivamente vai me manter ativo até o dia que eu morrer. Então, sim…eu aceito o desafio. Do mesmo jeito que (o guru nutricional americano, o The Godfather of Fitness) Jack LaLanne fez, fazendo coisas aos 70 anos que nenhum homem na Terra faz: puxar rebocadores no San Francisco Bay com os dentes.

Q: Como que o seu regime diário agora, difere de 15..20 anos atrás?

Anthony: 100%

Q: Significa o que, precisamente?

Anthony: Significa 100%
Flea: Acho que estou mais feliz agora, do que em toda minha vida. Acho que nunca amei completamente quem eu era antes, e isso sempre me incomodou. Meus relacionamentos com as pessoas em geral são muito melhores. Mas minha rotina é praticamente a mesma. Eu acordo e faço algum exercício físico. Vou surfar, participei da maratona de L.A. esse ano. E depois, é um dia de músicas e entes queridos.
Chad: O meu é muito diferente. Há 20 anos atrás, eu queria escapar de mim mesmo. Eu fazia qualquer coisa pra isso – andar de moto, ficar chapado, mulheres, drogas…Eu não sou assim hoje. Eu sou um pai, um marido. Não sou perfeito, mas vejo progressos.

Transcrição da revista: Helen Henderson.
Tradução: Amanda Olivieri.
Agradecimentos: Ana Paula Mancini e Site RHCP Brasil

Veja a galeria de fotos da revista: AnthonyKiedis.net

Um comentário:

  1. Gostei muito dessa entrevista com os RHCP, achei que eles foram bem sinceros.

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